eauriz entrevista: Rebeca Barros
Quem conta hoje a sua história para o eauriz é a Rebeca Barros. Rebeca tem 22 anos, mora no Rio de Janeiro, capital, e recebeu o diagnóstico de perda auditiva quando estava ingressando na faculdade. Ela é usuária de aparelhos auditivos e estuda Terapia Ocupacional no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Na entrevista ao eauriz Rebeca conta como foi a descoberta da perda auditiva e como têm sido sua experiência em relação à acessibilidade e inclusão no meio acadêmico.
Confira a entrevista completa:
Conte-nos há quanto tempo possui a perda auditiva e um pouco da sua
trajetória no processo de reabilitação auditiva.
Descobri em 2015, mas provavelmente já nasci com a perda auditiva (segundo meu fonoaudiólogo). Comecei a usar o aparelho intracanal, que é bem pequeno. É tão imperceptível que quem não me conhece se surpreende ao ver que eu uso aparelho auditivo.
Foi bem difícil o processo de descoberta da perda auditiva aos 18 anos, mas com a ajuda da família, do meu namorado e dos amigos eu comecei a aceitar.
Depois eu me descobri como uma pessoa que tem deficiência e que também têm direitos. Por exemplo, aqui no Rio de Janeiro, o deficiente auditivo tem direito ao RioCard Especial, que concede a gratuidade no ônibus. E essa é a principal bandeira que eu tento levantar hoje, tentando propagar que o deficiente auditivo também tem direitos.
Como têm sido sua vida acadêmica considerando a perda auditiva?
O processo de descoberta da perda ocorreu junto com a minha entrada na faculdade, no Instituto Federal do Rio de Janeiro. Por sorte, tive professores que me ajudaram muito no processo de aceitação, porque no início foi muito difícil pra eu conseguir aceitar.
A Coordenação Técnico-Pedagógica também foi muito importante nessa etapa, tive bastante apoio da psicóloga do meu campus. E a Terapia Ocupacional foi fundamental nisso tudo. Estudando sobre a Terapia Ocupacional, eu via todas as possibilidades que a vida poderia me oferecer mesmo com uma deficiência.
Hoje, na faculdade, as pessoas se conscientizam mais sobre a minha questão. Me perguntam se a altura da voz está boa, dizem que irão se policiar mais sobre isso. Mas em algumas aulas eu ainda preciso sentar na primeira fileira.
Você sente que as universidades e a comunidade acadêmica (professores, alunos) estão preparados para oferecer acessibilidade e inclusão as pessoas com deficiência auditiva?
Sinto que está começando a haver um olhar sobre isso, mas ainda não é suficiente. Não só da deficiência auditiva como das outras também. As pessoas ainda veem a acessibilidade apenas para a pessoa com deficiência física e se esquecem da pessoa com deficiência auditiva.
Pelo seu aprendizado na graduação há possibilidade de atuação do Terapeuta Ocupacional junto a pessoa com perda auditiva?
Claro! A Terapia Ocupacional atua quando há alguma questão no desempenho ocupacional da pessoa com perda auditiva.
Também atua em conjunto com uma equipe interdisciplinar, atendendo a pessoa com perda auditiva, a sua família e a escola. Realizando estimulação precoce, acompanhando a família e, principalmente, favorecendo a inclusão escolar, facilitando o aprendizado e o desenvolvimento da pessoa com perda auditiva.
Em uma pequena frase, dê uma dica para pessoas que possuem perda auditiva e tem receio de entrar para faculdade.
Acredite em você, confie no seu potencial e busque apoio sempre que precisar. Uma deficiência não significa uma limitação.
Você pode acompanhar a Rebeca pelo Instagram: @barrossrebeca