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eauriz entrevista: Michelle Franco

Michelle Franco é Bacharel em Direito, tem 29 anos, mora em Rondonópolis / MT e realizou adaptação bimodal para reabilitação auditiva.

Conte-nos sobre o histórico da sua surdez:

Comecei a perder a audição quando iniciei a faculdade, em meados de 2011. Foi um período bastante conturbado, pois estava também me separando, saindo de um relacionamento abusivo. No segundo ano da faculdade já estava com perda auditiva severa no ouvido esquerdo e moderada no ouvido direito. Busquei atendimento com otorrinolaringologista que solicitou vários exames, para tentarmos entender por que eu estava ficando surda de forma progressiva.

Meu tímpano estava íntegro, ossos temporais perfeitos, nenhuma lesão, nenhuma doença identificável causou a perda auditiva, fiz até mesmo exame genético. Como e por que estava perdendo a audição?! Não foi possível saber…

Comecei a utilizar aparelho auditivo no ouvido direito que tinha perda moderada, um modelo intra canal.

Em 2018, minha perda auditiva piorou drasticamente do lado direito e tive que trocar por um aparelho auditivo mais potente. E agora em 2019 fiz o implante coclear do lado esquerdo. Sou então usuária da adaptação bimodal, uso aparelho auditivo em um lado e implante coclear no outro.

Como foi sua inserção no mercado de trabalho? E como têm sido atualmente?

Meu primeiro emprego foi em 2011 e foi bem complicado, pois estava perdendo a audição na época. Enfrentei muitas dificuldades porque as pessoas não tinham muito conhecimento, não sabiam como lidar com alguém que cresceu ouvinte e de repente, na fase adulta, estava perdendo a capacidade de ouvir. Inicialmente posso ter sido rotulada como uma pessoa limitada, mas com o convívio as pessoas percebem que não é bem assim.
Ainda existem algumas pequenas barreiras para mim, como conversar ao telefone convencional das empresas. O som do telefone tem muita interferência com o aparelho auditivo. Mas eu sempre falo que tenho deficiência auditiva, que uso aparelhos, então a convivência profissional fica mais fácil. Faço uma leitura labial perfeita! Claro que em um grupo com, por exemplo, 16 pessoas na sala (era assim no meu último emprego) eu não consigo entender todos. Preciso focar em uma pessoa por vez para entender.

Qual mensagem você gostaria de deixar para o mundo e para as pessoas que possuem perda auditiva que estão lendo sua entrevista?

É valioso não se intimidar com o mundo lá fora e com a deficiência auditiva! É importante também se aceitar. A partir do momento em que nos aceitamos as coisas começam a fluir e ficam mais fáceis. Mas não devemos parar de buscar melhorias para a audição e nos limitar, impondo para si mesmo barreiras.

A deficiência não nos impede de nada. Deus sempre tem um novo caminho para aquele que acredita nele!