Efeito do uso de aparelhos auditivos para as funções cerebrais nos idosos
O uso de aparelhos auditivos pode atrasar o declínio cognitivo em idosos e melhorar o desempenho das funções cerebrais: Um estudo foi realizado na Universidade de Melborne com 99 idosos, com idades entre 60 e 84 anos, com perda auditiva e sem comprometimento cognitivo prévio. Os idosos foram avaliados antes e após 18 meses de adaptação com aparelho auditivo. Além da avaliação audiológica, foram avaliadas funções cognitivas, percepção da fala, qualidade de vida, atividade física, solidão, isolamento, humor e saúde clínica geral.
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Após os primeiros 18 meses de uso de aparelhos auditivos foi observada estabilidade ou melhora significativa das funções cerebrais: 93% dos participantes do estudo mostraram melhora nas funções cognitivas (memória, atenção, linguagem, percepção) após adaptação com aparelho auditivo, sendo que o uso mais frequente foi associado a maiores benefícios; Além disso, foi observado que 97,3% dos participantes do estudo mostraram estabilidade ou melhora significativa de funções executivas (capacidade mental de planejar, organizar informações e iniciar tarefas).
Os pesquisadores também observaram diferenças entre homens e mulheres, tanto no empenho no uso dos aparelhos auditivos quanto nos benefícios para qualidade de vida e cognição. As mulheres se mostraram mais aplicadas e envolvidas nos cuidados e processo de reabilitação auditiva, com melhores resultados para memória de trabalho.
Os resultados deste estudo sugerem que pode sim ser possível, por meio do diagnóstico precoce da perda de audição e reabilitação auditiva, envelhecer e viver com qualidade e plenitude . Os pesquisadores analisam que mais estudos precisam ser realizadas, com um número maior de participantes e comparação com um grupo controle. Confirmando os achados deste estudo, futuramente, o uso de aparelhos auditivos pode ser tratamento preventivo contra o declínio cognitivo e demência.
Artigo original: Julia Sarant et al. The Effect of Hearing Aid Use on Cognition in Older Adults: Can We Delay Decline or Even Improve Cognitive Function? J. Clin. Med.2020, 9(1), 254; https://doi.org/10.3390/jcm9010254
Mariane Gomes | Fonoaudióloga | CRFa 6-7530