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Implante de tronco encefálico: Mais uma alternativa para reabilitar a audição

O implante de tronco encefálico leva esperança e qualidade de vida para pacientes que apresentam má-formação ou danos irreversíveis na cóclea e no nervo auditivo. Convidamos o professor Dr. Ricardo Bento, da USP, para falar sobre o procedimento e o cenário no Brasil. Dr. Ricardo é médico Otorrinolaringologista, internacionalmente conhecido em pesquisa e tratamento de doenças do ouvido e especialista em implante coclear e implante de tronco cerebral no Brasil.

Implante de Tronco Encefálico

Houve um tempo em que má-formação ou lesões graves na cóclea e no nervo auditivo significavam impossibilidade de tratamento para a perda da audição. Desde o fim da década de 1970, o cenário mudou e uma nova alternativa de reabilitação da audição foi criada: o implante de tronco encefálico.

Bastante difundido na Europa e ainda em fase de análises e algumas validações nos EUA o uso do equipamento vem crescendo no Brasil e no mundo. Por aqui o implante de tronco encefálico começou a ser realizado no início dos anos 2000 e conforme o professor Dr. Ricardo Bento – médico otorrinolaringologista internacionalmente reconhecido em pesquisa e tratamento de problemas do ouvido – de lá para cá foram em torno de 60 implantes em crianças e adultos.

Conforme conta o doutor Ricardo, os avanços são notórios e isso pode facilitar a efetividade do tratamento e a melhora da adaptação ao implante de tronco encefálico. Contudo, ele destaca que quanto antes o implante for realizado, maior a efetividade. Por isso, as crianças apresentam mais chances de bons resultados com essa alternativa para a reabilitação auditiva.

Implante de Tronco X Implante Coclear

Ao analisarmos as possibilidades de tratamento para perdas auditivas com base em próteses implantáveis, o mais comum é se pensar em implante coclear. Isso dado ao grande número de casos em que o implante coclear pode ser indicado pelo médico.

É importante destacar que o implante de tronco encefálico pode ser recomendado por médico especialista nos casos de perdas auditivas profundas, quando não há indicação do implante coclear. Seja por má-formação da cóclea ou do nervo auditivo, ou ainda devido a traumas e tumores.

Segundo o professor Dr. Ricardo, não há coerência em comparar os resultados das cirurgias, visto que elas são aplicadas em contextos e realidades bem distintas. “O implante coclear é feito na periferia do ouvido e confere mais sensibilidade aos estímulos sonoros. Já o implante de tronco encefálico, traz a possibilidade de audição, porém com menor capacidade de discriminação auditiva, em grande parte dos casos.”

E depois da cirurgia?

Ao final da cirurgia (que tem um pós-operatório tranquilo), há uma expectativa acerca de quando de fato o paciente passará a perceber e ouvir os sons. O que é compreensível, afinal muda-se a estrutura comunicativa do paciente e ele contará também com os estímulos sonoros para se comunicar e para perceber o mundo.

De acordo com doutor Ricardo: “leva-se de um mês a quarenta dias (após a recuperação do paciente) para partimos para a fase chamada ativação. A ativação significa a aplicação de estímulos elétricos no implante.” Além disso, “esse procedimento é altamente complexo e deve ser realizado em um bloco cirúrgico, com o devido monitoramento”, alerta o professor.

A partir da ativação já é possível perceber alguns sons e ao longo dos meses seguintes a capacidade auditiva pode aumentar gradativamente e a familiaridade com dispositivo também.

Por fim, na visão de doutor Ricardo Bento, apesar do incômodo e estranhamento iniciais, o implante de tronco encefálico é uma esperança para quem antes talvez nem pensasse em conhecer os sons da natureza, do dia a dia, da vida acontecendo. E que embora os resultados não sejam garantidos, realmente existe uma possibilidade de melhora na qualidade de vida e na autoestima dos pacientes.

O implante de tronco encefálico também é conhecido pela sigla ABI: Auditory Braisntem Implant.

Simone Lacerda