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Motivações x Barreiras para a busca da reabilitação auditiva

A reabilitação auditiva é um processo que pode ser encarado de diversas formas, dependendo de como cada pessoa lida com as adversidades, do acesso e suporte de profissionais da saúde e de pessoas próximas, acesso à informação de qualidade, se está ou não aberto a novas experiências.

Estudos mostram quais comportamentos e situações podem motivar ou servir como barreira para a busca de soluções para perda auditiva. Mostramos abaixo as principais motivações e barreiras relatadas em pesquisas realizadas no exterior:

Motivações

  • Grau da perda auditiva: os estudos mostram que quanto maior o grau da perda auditiva maior o impacto da dificuldade para ouvir e maiores as chances de a pessoa buscar auxílio e tratamento. É importante lembrar que mesmo perdas auditivas de grau leve podem gerar impacto na comunicação.
  • Autoconfiança: a confiança que uma pessoa tem na sua própria capacidade de solucionar um problema então buscar a reabilitação auditiva contribui positivamente para o próprio tratamento
  • Rede de apoio da família/amigos: o suporte de pessoas próximas ajuda muito a enfrentar os estigmas e preconceitos em relação à perda de audição. A surdez pode ser uma barreira para comunicação e causar isolamento. Pessoas próximas ajudam a reconhecer o problema e podem oferecer o suporte necessário durante o processo de adaptação com as próteses auditivas.
  • Reconhecer a própria perda auditiva: ao aceitar a perda auditiva e reconhecer as limitações o indivíduo pode buscar ajuda para desenvolver melhores estratégias para comunicação e ter melhor qualidade de vida.

Barreiras:

  • Limitações financeiras: existem próteses auditivas de variados valores e a viabilidade para aquisição é um fator que sempre é considerado. Mas é importante lembrar que no Brasil o Sistema Único de Saúde possui serviços de saúde auditiva com fornecimento de aparelhos auditivos e próteses implantáveis. Convênios privados não tem obrigatoriedade de fornecer aparelhos auditivos, mas as próteses implantáveis são de fornecimento obrigatório.
  • Estigmas relacionados à surdez: para muitas pessoas a perda de audição representa sinal de envelhecimento ou fraqueza, o que não é real. A perda auditiva pode sim acontecer com o avançar da idade, em um processo natural, mas também pode ocorrer em qualquer fase da vida, por diversos fatores, em pessoas com plena saúde geral. São preconceitos que só dificultam a aceitação do problema e a busca por solução. Além disso, algumas pessoas acreditam que a prótese auditiva aparecendo na orelha pode ser feio ou motivo de vergonha, o que não se justifica. As próteses desenvolvidas atualmente são frequente premiadas em concursos de design. São preconceitos que só dificultam a aceitação do problema e a busca por solução.
  • Expectativas irreais sobre a reabilitação: Algumas pessoas podem ter a expectativa de que a prótese será um “ouvido novo”, o que não acontece. A adaptação com as próteses auditivas é um processo e seus resultados podem variar de indivíduo para indivíduo, de acordo com as características de cada um. A dica é: aproveite cada nova experiência proporcionada pelo uso das próteses auditivas e realize o acompanhamento com seu fonoaudiólogo.
  • Outros problemas de saúde recorrentes: pessoas debilitadas por outros problemas de saúde tem mais dificuldades de realizar a adaptação efetiva com as próteses, pois a reabilitação auditiva requer acompanhamento de longo prazo.

Confira também o artigo relacionado: A importância da reabilitação auditiva precoce para o desenvolvimento da linguagem oral de crianças com surdez

Referências:

Barnett M, Hixon B, Okwiri N, Irungu C, Ayugi J, Thompson R, Shinn JB, Bush ML. Factors involved in access and utilization of adult hearing healthcare: A systematic review. Laryngoscope. 2017 May;127(5):1187-1194.

Wells, Timothy & Nickels, Lorraine & Rush, Steven & Musich, Shirley & Wu, Lizi & Bhattarai, Gandhi & Yeh, Charlotte. (2019). Characteristics and Health Outcomes Associated With Hearing Loss and Hearing Aid Use Among Older Adults. Journal of Aging and Health.

Mariane Gomes | Fonoaudióloga | CRFa 6-7530